terça-feira, 19 de junho de 2012

Sinais

Por que as pessoas insistem em ver sinais em tudo?
Elas tem um sonho e já começam a achar que aquilo quer dizer alguma coisa. É com certeza uma premonição, algo vai acontecer, é preciso tomar cuidado!
O Horósopo lança frases desconexas e alerta: seu dia será uma merda. Putz, fodeu! Estrelas a bilhões de anos-luz de distância estão sinalizando que minhas proximas 24hs terrestres serão horríveis.
Um calafrio na espinha! Uma sensação ruim! Más energias são sentidas naquele ambiente ou vindas de determinada pessoa! É melhor se afastar, coisa ruim vem aí...
Ó seres humanos, por que nos achamos assim tão bons? Tão absurdamente importantes e repletos de super poderes?
Um sonho é um sonho, é o jeito do seu cerebro arrumar as informações do dia. Colocar tudo lá dentro de forma semi-organizada. Não é porque algum fato do seu dia despertou por relação uma memória de casamento e você sonhos com isso que você devia correr atrás de comprar um anel de noivado.
As estrelas não estão nem aí pra você, cocozinho de pessoa. Elas são grandes bolas de fogo a buzilhões de kilometros de distancia que nao estão e nunca estariam cagando nem andando pra você!
Que tal ao invés de supor que forças misteriosas governam nossas vidas, simplesmente assumissemos a responsabilidade dos nossos atos? Sinta os sinais que veem das outras pessoas! Tentemos entender uns aos outros e não a suposta energia que nos circunda. Sejamos práticos e realistas. A verdade é que já somos muito complexos e incrivelmente fantásticos apenas nos quesitos mais simples e despercibidos de nossa existência. Não precisamos achar que temos clarividência, ou que somos super-sensitivos, e tampouco que astros governem nossos dias. Assuma o controle, tome as rédeas, aceite a responsabilidade, olhe pra pessoa do seu lado e leia ela! Jogue fora o horóscopo, porra!

domingo, 10 de junho de 2012

Um conto que escrevi rapidinho aqui


                                      Naquele Dia sem Estrelas no Céu
 

 Essa história começa como tantas outras histórias começam. Um lugar quente. Não um lugar quente e acolhedor como você pode imaginar e querer estar. Este lugar era quente e escuro e uma coisa que eu aprendi e que creio que muita gente aprende em algum momento de suas vidas é que o escuro não é uma coisa boa. Veja bem, não estou falando daquele escuro gostoso de dormir, daquele escuro do cinema, do escuro embaixo das cobertas. É o escuro absoluto. Aquele escuro em que você não consegue ver sua própria mão na frente do seu rosto. O tipo de escuro que dá medo.
            E lá estava eu, nesse escuro absurdo. Sem nenhum referente de frente os trás. O chão era quente assim como o ar a minha volta e eu pensei mais de uma vez que iria sufocar.
            E eu estava nu.
            Comecei a andar sem rumo. No começo cobria minhas partes, mas depois percebi a inutilidade disso. Andava. Não sei quanto andei, mas minhas pernas pareciam estar derretendo quando por fim parei. Cai de joelhos... deitei... dormi.
            Acordei com uma luz agredindo meus olhos como fogo. Antes que pudesse me acostumar com aquela claridade absurda o chão se moveu sob meus pés e eu caí de costas. Algo metálico agarrou meu corpo como se ele não fosse nada e me moveu. Eu subi preso pela cintura e enfim meus olhos se acostumaram. O mundo a minha volta era absurdo. O barulho era ensurdecedor e eu sentia muito frio. Vapor saia de minha pele e condensava no ar a minha volta. Fui colocado com outros, todos nus.
            Eles me olhavam com olhos cansados e assustados. Pareciam resignados com seu fim. Aquela prisão de vidro em que estávamos. Outros vinham sendo trazidos pelas mesmas pinças gigantes de metal que haviam me levantado. Alguns gritavam, outros choravam. Mas quando chegavam, por fim, onde eu estava, se calavam, perplexos ou aterrorizados demais para arriscar um sussurro, uma conversa.
            Ficamos lá por um tempo que não arrisco deduzir, com mais e mais de nós chegando, trazidos pela enorme peça metálica. Aninhávamo-nos em busca de calor e depois por falta de espaço. Em tempo, estávamos atulhados, mal conseguindo nos mexer.
            Mas então acabou. Depois de mais um breve silencio um de nos se projetou para falar algo, mas não conseguiu. Uma nuvem enorme se precipitou sobre nós e começou a descer. A nuvem foi chegando mais perto e bloqueou o Sol. Era leve, mas sólida, e mais uma vez estávamos no desesperador escuro. Uma criança do meu lado soltou um pequeno choramingo. “Está tudo bem amor” eu disse para ela enquanto segurava sua mão. Seus pais, se ela tinha algum, claramente não estavam ali. Ela me abraçou e eu pude me sentir novamente um pouco mais...
            Um novo tranco e o mundo começou a se mover novamente. Nossa prisão estava andando. Ou voando, eu não soube dizer na escuridão. Eu pude sentir o medo de meus companheiros. Alguns choramingavam e eram consolados. Outros tremiam e podíamos sentir sua dor percorrendo nossos corpos, como uma corrente elétrica.
            Mas parou. A nuvem se levantou e a luz ofuscante nos cegou novamente. Ouvíamos vozes em línguas que não conhecíamos quando tudo virou de ponta cabeça. Segurei bem a criança em meus braços para não perdê-la. Nosso cárcere foi virado e rolamos uns sobre os outros para um novo lugar. Esse possuía muros mais baixos, como um cercado. Senti a mão da pequenina se apertar na minha e a acalmei com um afago em sua cabeça. Soltei-me de sua mão e caminhei até a cerca.
            Quando cheguei nela tudo que pude sentir foi o mais absoluto terror. Um abismo sem fim se abria após a cerca. Nossas esperanças terminavam numa queda mortal. Virei-me para olhar os demais e pude ver em seus olhos sua apreensão. Assim como eu eles haviam deixado a flor da esperança brotar em seus corações e agora esperavam em mim as palavras de salvação. Tudo que pude dar-lhes foi um olhar de tristeza, e então baixei o olhar.
            Alguém prendeu a respiração e levantei meu rosto. Alguns olhavam para mim e outros para acima de minha cabeça. Mas todos olhavam com medo. Antes que pudesse me virar aquela garra metálica me agarrou novamente. Puxou-me para cima com violência e me atordoou.
            E então veio a carne.
            Senti o toque da pele em meu corpo. Senti a carne por baixo dela. A pulsação do sangue correndo. E então senti a mordida e tudo se escureceu novamente.
            Essa foi minha história. Essa foi minha vida quando fui um pão.
             

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Às vezes voce nota que o tempo está...

Atemperado: adj. Quando não está quente nem frio. Nem morno, nem fresco, nem porra nenhuma e você não faz idéia de que clima que tá fazendo...